sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mais sobre desrealização e despersonalização.

Despersonalização e Desrealização
A despersonalização e desrealização são sintomas que podem surgir associados ao pânico/ansiedade/medo e pertencem a um grupo de sensações/sentimentos conhecidos por Dissociação.
Existe uma escala que avalia o grau de dissociação que varia numa pontuação entre 0 e 10. Por exemplo algumas das pessoas com perturbação de pânico obtêm nesta escala valores entre 4 e 5. Muitas pessoas com ataques de pânico afirmam que os ataques começam com a experiência de despersonalização e/ou desrealização.
As sensações de dissociação são muitas e variadas.

Sensações dissociativas:
-sensibilidade à luz e ao som
- visão em tunel
- sensação de que o corpo aumentou, sentido-o maior que o normal
- sentir que o corpo diminuiu a proporções mínimas
- objectos parados parecem mexer-se
- estar a guiar no carro e aperceber-se que não se lembra de uma parte ou da totalidade da viagem
- estar a ouvir alguém a falar e aperceber-se de que não ouviu nada ou partes do que a outra pessoa disse
- por vezes “ficar a olhar para o espaço” e nao ter a noção de que o tempo passou

atenção: muitas destas sensações dissociativas são normais. Elas só constituem problema quando influenciam a vida da pessoa causando desconforto e/ou problemas emocionais/psicológicos.

Compreender os sentimentos e sensações de despersonalização e desrealização
As pessoas que sentem despersonalização/desrealização sentem-se divorciadas tanto do mundo como do seu próprio corpo. Geralmente as pessoas alegam sentir “que a vida é vivida como se tivessem num sonho”; as coisas parecem irreais, desfocadas; há quem diga que se sente separado do seu próprio corpo. Outra característica desta condição poderá incluir pensamentos “estranhos” ou uma constante preocupação das quais as pessoas acham difícil “desligar”.
O problema com a ansiedade é que as pessoas que sofrem dela têm uma tendência para se preocupar e a despersonalização surge como proteção a todo este stresse e preocupação diária. As pessoas podem então sentir-se distanciadas, distantes, vazias, sem emoções. O que acontece nessa altura é que as pessoas começam a preocupar-se e a obcecar sobre este novo sentimento, pensando que é algo sério e grave, ou que poderão enlouquecer. Até poderão mesmo “esquecer” a sua ansiedade e focarem-se apenas neste novo sentimento o que poderá fazer com que estes sentimentos e sensações aumentem. A desrealização cresce à medida que entramos no cliclo de preocupação e medo e por isso o nosso corpo protege-nos destes sentimentos cada vez mais, fazendo-o(a) sentir-se mais distanciado(a) e distanciado(a). É esta preocupação e medo sobre estas sensações e sentimentos que o(a) mantêm no ciclo.
A maneira de ultrapassar a despersonalização não é preocupar-se ou obcecar acerca dela, mas dando-lhe espaço, dando-lhe o espaço necessário e não se sentir “dominado(a)” ou “arrebatado(a)” por ela. Ver a despersonalização como um mecanismo que o corpo encontra para nos proteger e não como um sinal de que algo terrível irá acontecer ou que poderá enlouquecer. Este sintoma é como qualquer outro e quanto mais se preocupa ou obceca acerca dele maior o problema se poderá tornar e mais tempo poderá manter-se no ciclo.”
Uma outra experiência demonstra que as pessoas podem experienciar sensações de tonturas como resultado da desrealização. A pesquisa demonstra que não é tanto a desrealização que causa as tonturas mas sim a magnitude na mudança de estado de consciência que pode causar sentimentos e sensações de tonturas.

Muitas pessoas que experienciam despersonalização e desrealização podem acordar a meio da noite, com um ataque de pânico nocturno. A pesquisa indica que estes ataques ocorrem na mudança de consciência, ao entrar no sono, ao fazer a mudança entre os diferentes estágios do sono (do sono leve para o profundo, do profundo para o leve). A mudança de consciência durante o sono é semelhante à mudança de consciência que as pessoas conseguem experienciar quando dissociam durante o dia.

Muitas pessoas com a perturação de pânico estão assustadas com a sua capacidade para dissociar, outras nem tanto. Uma das maneiras mais fáceis de as pessoas entrarem num estado dissociativo é quando estão relaxadas e/ou quando estão com o “olhar fixo”: fora da janela, a guiar, a ver TV, a ler um livro, ao utilzar o PC, quando estão a falar com alguém. As luzes fluorescentes também podem desencadear um estado de trance tal como a auto-absorção (estado em que a pessoa está hiper-atenta aos processos internos, sejam eles sensações, pensamentos, sentimentos). Quanto mais absorvidos em nós mesmos ficamos, mais poderemos induzir um estado dissociativo.

É importante ensinar as pessoas a tornarem-se conscientes do momento em que estão a induzir um estado dissociativo. Quando as pessoas conseguem aperceber-se disto ensina-se a trabalhar o seu pensamento - a não entrar no ciclo de pensamentos ansiosos de pânico/ansiedade, “o que é que me está a acontecer...”estou a ficar louco”. O modo como pensamos acerca dos nossos sintomas só aumenta e cria mais stresse e ansiedade – o que por sua vez ainda nos torna mais vulneráveis aos estados dissociativos.”

5 comentários:

  1. Oi!
    Eu tenho ansiedade e há alguns anos tenho essa sensação de despersonalização, é uma sensação que vai e volta, mas memso quando eu estou bem, evito pensar na sensação da despersonalização, pq tenho medo de que ela volte.
    Gostaria de saber, se algum de vcs já teve isso e fez um tratamneto e ficou curado??
    O tratamento da ansiedade já resolveria isso?? Já que ele se apresenta como um sintoma?

    Obrigada
    bjos

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  2. É uma péssima sensação. Mas ao ler tudo isso consegui me sentir mais confortável pois sei que não estou enlouquecendo.
    Obrigado por esse artigo tão elucidativo.

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  3. Respostas
    1. Parabens Priscilla,você elucidou sem fazer medo,diferente de outros sites.

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